segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Visita à experiências na Alemanha

Francisco, Maurício, Franziska e Oldi.
Ao fundo o Castelo de Ludvig II
Por Maurício Queiroz**
De 22 de julho até 19 de agosto de 2011 estive visitando a Alemanha, minha segunda viagem, a primeira ocorreu em janeiro de 2001. Junto comigo foi Oldi Jantsch, agricultora e agente da CPT na Diocese de Santa Cruz do Sul, Francisco Fritzen agricultor ecologista da CPT, Petronila Andrade liderança comunitária e Elcida Wietzke de Venâncio Aires que atua no trabalho pastoral. Após vários convites de amigos e amigas, finalmente conseguimos ir. Fomos com um propósito bem definido, participar de um seminário em Wernau sobre o intercâmbio de jovens entre as Dioceses de Santa Cruz do Sul e Rottenburg/Stuttgart e visitar os jovens que fizeram intercâmbio em nossa querida Escola de Jovens Rurais, muitos dos quais moraram na casa da Oldi Jantsch e participaram dia a dia do trabalho da Escola de Jovens Rurais e da CPT desde agosto de 2002, quase 10 anos de história de intercâmbio. Ficamos hospedados nas famílias dos jovens que estiveram em intercâmbio com a CPT e EJR.
A região onde tivemos é conhecida por Schwäbische Alb, onde se fala o Schwäbische, dialeto da região, com sotaque típico desta região e estávamos no estado de Baden-Wüthenberg e Stuttgart é a capital do estado.
Em visita ao agricultor que produz sementes ecológicas
de hortaliças e flores
Foi um tempo muito legal, conhecer as famílias dos jovens, rever amigos e amigas, conhecer um pouquinho da Alemanha e também da cultura. Visitamos locais turísticos como o Lago de Bodensee na divisa com a Áustria e bem perto da Suíça, Fabian* e Mathias* nos levaram e a cidade histórica de Rhotenburg que a família de Elisabeth Franz* fez questão de nos levar, cidade que preserva as construções do tempo da idade média. Franziska Mayer* nos levou para visitar imponente Castelo de Ludvig II e Simon Gmeiner* a uma cervejaria, entre tantas outras experiências legais. Além disso, também visitamos agricultores que produzem de forma ecológica, um dos meus principais objetivos.
Produção de leite ecológico na família de Jonas Notz*, na cidade de Leutkirch na região de Algäu, sul da Alemanha, nos Alpes. Ficamos na casa de Alfons e Marlise Notz, pais de Jonas, por 3 dias e acompanhamos todo o processo de produção que segue rigorosamente as normas da Biodinâmica idealizada por Rudolf Steiner. Para isso utilizam alimentação natural, o feno de vários tipos de pasto é utilizado no inverno e no verão as vacas são levadas ao pasto em piquetes bem planejados.
Jonas Notz conduz vacas para o estábulo
As vacas são tratadas com respeito, tanto é que todas elas têm chifres, não são inseminadas artificialmente ao contrário das vacas convencionais que são mochas e são inseminadas artificialmente. Também não são agredidas e recebem alimentação sem hormônios e só medicamentos homeopáticos.
Alfons e Marlise fazem parte dos pequenos agricultores da Alemanha que igual aos pequenos agricultores do Brasil e outras partes do mundo precisam lutar muito para sobreviverem. Importante é dizer que já são 30 anos de produção ecológica, leite este que vai para uma organização ecológica chamada Demeter e transformam em queijo, diga-se de passagem, muito saboroso. O leite é vendido a 50 centavos de euro (R$1,15) enquanto que o leite convencional (não ecológico)é vendido a 35 centavos de euro (R$0,80) e os custos são bem mais elevados.
Jonas faz questão de dizer que seus pais estão contentes com o que fazem e por isso são felizes. Ele também pensa em ser agricultor por isso faz um curso.
Também visitamos outras experiências como a produção de hortaliças ecológicas para a venda na feira livre que é muito difundida na Alemanha, produção de cabras para leite no mesmo sistema de produção da família do Jonas e visitamos um agricultor que produz sementes ecológicas, mais ou menos um agricultor que produz sementes crioulas.
Maurício visita a horta do Josef
Embora a agricultura ecológica cresça bastante na Alemanha e Europa em geral, o agronegócio também cresce e é como no mundo inteiro, grandes plantios, normalmente monoculturas como o milho que vimos na Alemanha que não será alimento e sim gás para produção de energia e também grandes estábulos com vacas confinadas o tempo todo, ganhando ração, hormônios, antibióticos e o leite é retirado por meio de um robô. É possível ver no semblante dos animais que são doentes e estão longe de serem animais felizes. Imagino que quem toma um leite desses, não se alimenta e sim se intoxica ou se envenena.
Por fim queria dizer que não troco viver no meu Brasil por viver em qualquer país da Europa. Nós temos o melhor clima do mundo, podemos produzir de tudo e o ano todo. Temos uma terra rica e diversificada e muitas horas de sol no ano importante para a agricultura e também para o aproveitamento da energia de diversas formas e temos muitas riquezas naturais, e a maior biodiversidade do mundo graças ao clima tropical que não tem na Europa. O Brasil precisa preservar as riquezas naturais e apoiar os camponeses e camponesas na produção de alimentos ecológicos.

*Jovens Alemães que realizaram intercâmbio na Comissão Pastoral Terra e Escola de Jovens Rurais, Dioc.deSanta Cruz do Sul.
**Maurício Queiroz* é Técnico Agrícola, estudante de Biologia, agente da CPT na Diocese de Santa Cruz do Sul e membro da coordenação colegiada da CPT-RS.

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