sábado, 25 de julho de 2015

Agricultores e agricultoras - Milênios de existência

Neste mês queremos dedicar uma página especial aqueles e aquelas que praticam uma das atividades mais antigas do planeta. A arte de cultivar a terra e produzir alimentos. A arte de fazer agricultura é desenvolvida a mais de 12.000 anos e tem como protagonistas desta história, o agricultor e a agricultora. 
Embora tão antiga, a agricultura continua importante e atual quanto o instante em que foi descoberta, do mesmo modo como os agricultores e agricultoras continuam desempenhando este ofício com responsabilidade e sabedoria.
Para termos uma noção da importância dos pequenos agricultores em nosso país, acompanhamos o quadro com dados da produção (alguns itens), segundo fontes do Censo Agropecuário do IBGE – 1995/6 Org.Oliveira, A.U.

Brasil – Distribuição do volume de produção.
  Produtos
Pequena propriedade
Média propriedade
Grande propriedade
Milho em grão
Feijão(1ª,2ª e 3ª safras)
Soja em grão
Trigo em grão
Leite
Uva para vinho
Suínos
Banana
Fumo em folha
54,4%
78,5

34,4
60,6
71,5
97,0
87,3
85,4 %
99,5
34,8%
16,9

43,7
35,2
26,6
3,0
11
13,6%
0,5
10,8%
4,6

21,9
4,2
1,9
zero
1,7
1,0%
zero
Este quadro prova que a maior percentagem dos alimentos que chegam até a mesa dos brasileiros, são produzidos nas pequenas e médias propriedades brasileiras.

Basta olhares para a realidade dos pequenos agricultores de sua cidade e verás a situação que estão submetidos e logo perceberás que eles estão sendo severamente excluídos encontrando-se em situação muito difícil, fruto de uma agricultura de morte que envenena a natureza e o próprio agricultor, submetidos ao controle de algumas grandes empresas multinacionais que detém o controle e ficam com o lucro.

Apesar de toda esta situação os camponeses se organizam e buscam saídas.

A força dos camponeses está na produção de alimentos. É próprio dos camponeses e camponesas saberem fazer de tudo, entender de carpintaria, ser pedreiro, fazer cabos para ferramentas, domar animais, inventar ferramentas, fazer a farinha e o pão, o queijo, produzir as próprias sementes, conhecer a natureza, enfim,  produzir uma vasta lista de alimentos na propriedade transformando-a em um celeiro de produção de alimentos, legado herdado dos antepassados e que normalmente deve ser transmitido a seus filhos e filhas.
Esta característica mantém os camponeses fortes. Dificilmente pegamos os agricultores de surpresa, sem comida em casa, se isto acontecer é por que algo está errado.
A força dos pequenos agricultores e agricultoras está na sabedoria de produzir os próprios alimentos, nas técnicas próprias de produzir sementes também próprias, na criatividade e na própria capacidade de tocar em frente a propriedade de forma independente. Mas principalmente a força camponesa está na união. Sozinhos somos fracos, mas unidos somos fortes.

Oldi fala sobre o dia do agricultor e da agricultora

Para Oldi o significado do Dia do Agricultor e Agricultora – “Tem sentido para resgatar a história dos pequenos agricultores e agriculturas, sua importância e valor para o mundo. Chamo atenção para que eles se dêem conta de que são muito importantes, especialmente por que o que produzem é de suma importância para todos e todas neste país e planeta. É de interesse de todo o mundo, a final sem alimento ninguém vive”.
“Não é um dia apenas de festa e de comemorações, mas também de celebrar a vida, as conquistas e arregaçar as mangas e ir para a luta, sobre tudo quando a conjuntura aperta como está hoje”.

A situação dos pequenos agricultores e agricultoras – “A conjuntura não favorece os pequenos em geral, especialmente agricultores, e isto não é nenhuma novidade. Pode perguntar para qualquer agricultor e ele saberá dizer onde está errado, onde está o problema. Desde muito tempo a conjuntura favorece apenas os grandes. É um absurdo que uma família de agricultores trabalhe tanto, não consegue vender a produção e muito menos decide o preço do quilo de feijão, do leite, da arroba de fumo,..etc. Não bastasse isso ainda querem mexer na Previdência dos agricultores, ou seja, estão achando que os agricultores se aposentam muito novos e o custo para os cofres públicos é muito alto e por isso querem, que a mulher da roça se aposente com 60 anos e o homem com 65 anos. Atualmente a mulher agricultora se aposenta aos 55 e o homem aos 60, não queremos que mexam nisso. Mas para que não mexam temos que botar os pés na estrada, ir para Brasília, nos mobilizar ou do contrário eles mexerão.”

Tem saída esta situação?
“Depende de nossa força, se nos unirmos e enfrentarmos encontraremos saídas. Agora se esperarmos de braços cruzados ou ficarmos chorando em volta do fogão, reclamando que ta ruim, e não sairmos de casa para se mobilizar, aí realmente estaremos em um beco sem saídas. Eu acredito que os movimentos sociais organizados irão fazer a mudança, mas para isso é preciso reunir cada vez mais agricultores e agricultoras para que a luta seja mais forte e as conquistas venham logo. Não espere pelos Sindicatos de Trabalhadores Rurais eles estão bem acomodados, não farão mais nada do que manter as estruturas e não nos representam mais, infelizmente.”

Para finalizar – “Agricultores e agricultoras acreditem nas próprias forças, e se juntem aos movimentos sociais populares. Garanta a produção primeiro para o auto-consumo de tua família, produza a própria semente, participe de feiras livres e opte pela produção agroecológica e diversificada. Invista na juventude, nos próprios filhos.”

Comissão Pastoral da Terra do Rio Grande do Sul 
CPT-RS

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